No dia 26 de abril deste ano, completou 31 anos de um dos maiores desastres químicos história: o acidente ocorrido na Usina Nuclear de Chernobyl, na Ucrânia. Você já deve ter ouvido falar que a explosão do reator 4 de Chernobyl foi responsável por liberar quantidades alarmantes de material radioativo na atmosfera. Mas você sabe como o acidente aconteceu? Ou então quais foram (e ainda são) as reais consequências desse desastre? E, ainda, como está a cidade atingida pelo o acidente, passados mais de 30 anos? Se você disse “não” para alguma dessas respostas, então continue lendo esse conteúdo e entenda mais sobre esse desastre que ficou marcado na história.
O que foi o desastre de Chernobyl?
O desastre ocorrido na Usina Nuclear de Chernobyl, foi o maior acidente nuclear do mundo e ocorreu na Ucrânia, no dia 26/04/1986, quando um teste na usina – que deu totalmente errado – provocou uma reação em cadeia, ocasionando a explosão do reator nuclear 4. É o único que atingiu o nível 7 na Escala Internacional de Eventos Nucleares, o que o torna o maior acidente provocado pelo homem em toda a História. Para ter uma noção, alguns especialistas acreditam que a região vai levar pelo menos mais 100 anos até ser considerada livre de poluição radiativa.
Como o acidente aconteceu?
Tudo começou com um teste de rotina, no qual os técnicos simularam um apagão, desligando a rede de energia principal da usina e acionando uma rede de emergência. O propósito era testar como o reator 4 se comportaria em baixos níveis de energia. Porém, o sistema de resfriamento do reator parou de funcionar, gerando um aquecimento enorme (mais de 2000ºC). Consequentemente, houve uma violenta explosão lançando grandes quantidades de material radioativo para a atmosfera. A explosão foi tão violenta que destruiu o teto do reator que pesava cerca de mil toneladas. Em termos comparativos, o material radioativo disseminado foi quatrocentas vezes maior que o das bombas utilizadas no bombardeio às cidades de Hiroshima e Nagasaki, no fim da Segunda Guerra Mundial, valor alarmante.
Quais medidas foram tomadas?
De imediato, foram chamados bombeiros para combater o incêndio. Eles ficaram expostos a uma radiação até 200 vezes maior que o nível letal. Muitos deles passaram mal no local e não resistiram. Na época, não havia um preparo correto para essas situações. Há relatos de pessoas que dizem que para a proteção, foram usados gaze na boca e nariz. Hoje sabe-se que isso é um absurdo. A notícia também demorou a se espalhar, os líderes do governo só expuseram a situação mundialmente a público, quando níveis de radiação altos foram “sentidos” em outros países europeus.
Quando tomaram consciência do acontecido, as autoridades soviéticas organizaram uma super operação de limpeza, contando com 600 mil trabalhadores. Helicópteros foram enviados para jogar cargas de produtos químicos que absorvessem a radioatividade. Também foi criada uma zona de exclusão, os habitantes foram afastados das proximidades do local do acidente. Posteriormente, foi criado um sarcófago de concreto, a fim de isolar as ruínas do reator 4.
Quais foram as consequências do desastre de Chernobyl?
Apesar dessas medidas tomadas, os efeitos da radiação emitida pelo acidente são sentidos até hoje. Além das pessoas que tiveram contato imediato e morreram na hora, muitas outras foram adoecendo com o tempo. A principal doença proveniente desse acidente foi o câncer na tireoide. Isso porque o iodo radioativo (liberado na explosão), quando em contato com o homem, se concentra na tireoide. Um antídoto para isso seria tomar cápsulas de iodo normal, e não o radioativo. Assim, quando o radioativo entrasse em contato, a tireoide já estaria “saturada” de iodo.
Por falar em câncer, o acidente provocou a morte por esta doença em cerca de 93 mil pessoas, segundo o Greenpeace. E até hoje é esperado que pessoas morram de câncer devido à exposição radioativa. Além disso, há quem diga que é possível observar diferenças nas crianças que atualmente vivem lá: elas cansam mais rapidamente e possuem maior dificuldade de assimilar algumas coisas. Para piorar, elas já possuem um nível de radioatividade muito elevado no organismo. As consequências foram tão profundas que o local afetado virou uma cidade fantasma e, até mesmo a vegetação que era verde, passou a ser avermelhada.
O que se pode tirar de positivo dessa tragédia toda, é que houveram avanços e hoje em dia existe um preparo maior para lidar com situações como essa. Através de conhecimentos científico-tecnológicos obtidos após o desastre de Chernobyl, foi possível evoluir nos estudos de revisão para planejamentos de emergências. Com base nesses estudos, novos critérios foram aplicados, resultando em modificações estruturais e conceituais dos Planos de Emergência de Centrais Nucleares.